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Histórico

                                         

HISTÓRICO DO 12° REGIMENTO DE CAVALARIA MECANIZADO

   A história do nosso Regimento teve início durante os desdobramentos da Segunda Guerra Mundial. Na época, a defasagem tecnológica existente entre o Exército Brasileiro e os Exércitos das Nações mais desenvolvidas era motivo de preocupações e anseios para o Comando da Força Terrestre. Nesse sentido, no ano de 1938 foi dado um importante passo para a implantação de novas tecnologias de guerra em nosso Exército, com a criação do “Esquadrão de Auto-Metralhadoras”, considerada a primeira Organização Militar Mecanizada do Exército Brasileiro. Nessa senda, com o objetivo de formar tropas capacitadas e especializadas na operação dos novos equipamentos blindados, no ano de 1942 foi criada a “Escola de Motomecanização”, considerada o embrião da atual Escola de Sargentos de Logística (EsSLog).

   Com o ingresso do Brasil na Segunda Guerra Mundial, em apoio aos Aliados que combatiam o Nazi-Fascismo, alguns acordos foram firmados com o governo dos Estados Unidos da América (EUA), os quais resultaram em importantes incrementos tecnológicos ao Exército Brasileiro, com o recebimento de materiais bélicos modernos, suscitando assim, a criação de um “Grupamento Motomecanizado Provisório”.

   Ato contínuo, através da publicação do Decreto-Lei nº 5171, de 06 de janeiro de 1943, ocorre na cidade do Rio de Janeiro/RJ, junto à “Escola de Motomecanização”, a criação do “2º Regimento de Auto-Metralhadoras de Cavalaria”, gênese de nossa Unidade, a qual deveria sediar-se na Guarnição de Uruguaiana/RS. Porém, até segunda ordem, a mesma deveria permanecer aquartelada na então “Escola das Armas”, atual “Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais” (EsAO). Cerca de um mês após a sua criação, ocorre a primeira troca de denominação da Unidade, passando a denominar-se “2º Regimento Motomecanizado”.

   O efetivo da recém-criada Unidade foi composto por 11 Oficiais e 90 Praças, que passaram a ser responsáveis por manter e operar 115 viaturas, dentre as quais, 13 blindados “Scout Car”. As Praças que integraram o primeiro contingente da nova Unidade foram recrutadas nas mais diversas Organizações Militares do país, sendo três delas, no “13º Regimento de Cavalaria Independente”, que na época estava sediado na Guarnição de Jaguarão/RS, foram eles: o Cabo Adão das Neves, que integrou a Força Expedicionária Brasileira nos campos de batalhas da Itália, e os Soldados Delcino Corrêa de Ávila e Amarante Rodrigues. O primeiro Comandante da Unidade foi o Major Hélio de Castro, que hoje dá nome ao pátio central de formaturas do 12º RC Mec.

   Os trabalhos da nova Unidade tiveram início, efetivamente, no dia 1º de março de 1943, data em que foi publicado o primeiro Boletim Interno, onde o Comandante exortou seus subordinados a estarem preparados para os desafios de novos porvires, em relação ao estado de beligerância que o mundo vivia.

   Tal publicação soou quase como uma profecia, visto que em janeiro de 1944, no contexto da formação da “1ª Divisão de Infantaria” da Força Expedicionária Brasileira (FEB), os militares do “3º Esquadrão de Reconhecimento e Descoberta” do Regimento passaram a integrar o então, recém-criado, “1º Esquadrão de Reconhecimento”, tropa de Cavalaria que combateu na Itália. Cerca de seis meses após o recebimento da missão, o seu 2º Pelotão embarcou, junto com o 1º escalão da FEB, em direção ao continente europeu, para combater na Itália. Após o término da guerra, essa fração se desintegrou definitivamente de sua Unidade de origem, e formou uma Subunidade isolada, que hoje recebe a denominação de “1º Esquadrão de Cavalaria Leve”, sediado na Guarnição de Valença/RJ. Quatro de seus heroicos integrantes pereceram nos campos de batalhas da Segunda Guerra, foram eles: o 2º Sargento Pedro Krinski, vitimado por estilhaços de granada, na região italiana de Camaiore; o Cb Benedito Alves, vítima de um acidente com arma de fogo, na região Casa Franco; o Sd Bernardino da Silva, na região de Granali e; o 2º Ten Amaro Felicíssimo da Silveira, que morreu ao ser atingido por uma rajada de arma automática, numa emboscada de tropas alemãs, na região de Gaggio Montano. Fruto desse heroico episódio, o Ten Amaro foi homenageado como Patrono do “1º Esquadrão de Cavalaria Leve - Esquadrão Tenente Amaro”.

   Em maio de 1944, o Regimento recebeu ordem para mudar sua sede para a Guarnição de Alegrete/RS. Contudo, logo em seguida, o então Comandante, Tenente-Coronel Inimá Siqueira, recebeu novas ordens, desta vez para deslocar a Unidade - (equipamentos, materiais, viaturas e pessoal) – para a Guarnição de Porto Alegre/RS, onde ficariam aquartelados provisoriamente. As referidas ordens foram cumpridas em 11 de junho de 1944, quando a Unidade, como um todo, embarcou nos navios Aratimbó, Itaberá e Itaguassú, para uma arriscada viagem marítima em direção ao sul do Brasil, passando por águas minadas por submarinos alemães, motivo pelo qual foram escoltados pelo Cruzador Bahia e pelas Corvetas Jaceguaí e Cananéia.

   Cerca de 5 dias depois, desembarcaram na capital gaúcha e alojaram-se nas antigas instalações do “Matadouro Modelo”, localizado no bairro Serraria. Curiosamente, a passagem por Porto Alegre/RS que deveria ser breve, acabou se estendendo por um longo período, cerca de 44 anos.

   Durante a permanência da Unidade no seio da capital gaúcha, a mesma sofreu três mudanças em sua denominação. A primeira ocorreu em junho de 1946, quando tornou-se o “2º Regimento de Cavalaria Mecanizado”, a segunda, em novembro de 1953, quando passou a denominar-se “2º Regimento de Reconhecimento Mecanizado”, oportunidade em que passou a ser subordinado diretamente ao então “III Exército” (atual Comando Militar do Sul). Por fim, em julho de 1972, passou a ostentar a atual denominação, “12º Regimento de Cavalaria Mecanizado”, e subordinou-se à “6ª Divisão de Exército”.

   Em 07 de junho de 1976, foi conferida ao Regimento a denominação histórica “Regimento Marechal José Pessoa”. No ato de concessão consta que a Unidade mereceu tal distinção e honraria, devido a seguinte justificativa: “...este Oficial foi um dos responsáveis pela introdução dos blindados no Brasil e, o 12º Regimento de Cavalaria Mecanizado, por sua vez, foi a primeira Unidade Mecanizada do Exército Brasileiro...”. O Estandarte Histórico, Distintivo de Bolso e a Insígnia foram aprovados no ano seguinte.

   No final da década de 1970, dentro das diretrizes de modernização implementadas pelo Exército, o 12º RC Mec teve seus blindados “M3 Greyhound” e “Scout Car” substituídos pelos blindados da família ENGESA, com tecnologia nacional, parte dos quais, ainda hoje, integram a frota mecanizada da Unidade.

   Em agosto de 1986, foi definida a transferência do Regimento para a Guarnição de Jaguarão/RS e, cerca de dois anos e meio depois, mais precisamente em 1º de janeiro de 1989, o 12º RC Mec deu início às suas atividades nesta cidade, substituindo o “8º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado”, que passou a ocupar as antigas instalações do Doze, no bairro Serraria, em Porto Alegre/RS.

   Na chegada à Guarnição de Jaguarão/RS, a Unidade era comandada pelo Coronel Antônio Pereira Holleben e, muitos dos militares que aqui desembarcaram com a Unidade, acabaram adotando a cidade como morada definitiva.

   Em 13 de fevereiro de 1989, ocorreu a incorporação da primeira turma de recrutas selecionados nos municípios tributários da região, a fim de prestarem o serviço militar obrigatório. Com o passar dos anos, a integração e o entrelaçamento da comunidade com a Unidade se solidificou de tal forma, que hoje em dia a Organização Militar é cognominada, carinhosamente, pela população local de “Doze de Jaguarão”.

   Nos anos de 2004, 2011 e 2016, o Regimento integrou os contingentes que participaram das “Missões de Força de Paz”, capitaneadas pela Organização das Nações Unidade (ONU), a fim de buscarem a estabilização do Haiti, oportunidades em que o 12º RC Mec enviou Pelotões de Fuzileiros Mecanizados para o país caribenho.

   Na mesma senda, no ano de 2012, a Unidade participou, com um Pelotão, das ações da “Força de Pacificação dos Complexos da Penha e do Alemão”, desencadeadas na cidade do Rio de Janeiro/RJ. Cerca de três anos depois, no ano de 2015, mais uma vez o Regimento enviou tropas para contribuir em operações desta natureza, atuando na “Força de Pacificação do Complexo da Maré”, também realizada na capital fluminense.

   No ano de 2020, acompanhando a reestruturação estratégica implementada pela Força Terrestre, principalmente no que se refere ao incremento e melhoramento de sua frota blindada, o 12º RC Mec recebeu nove Viaturas Blindadas de Transporte de Pessoal – Média Sobre Rodas (VBTP-MSR) 6 x 6 GUARANI, equipadas com o Sistema de Armamento Remotamente Controlado do Reparo da Metralhadora Automatizada X (SARC-REMAX), além de modernos Conjuntos Rádio “Harris Falcon III”, o que possibilita a realização de um adestramento ainda mais qualificado de nossas tropas.

   Nos anos de 2020, 2021 e 2022, a Unidade também se fez presente na chamada “Operação Acolhida”, uma Força Tarefa implementada pelo Exército Brasileiro no Estado de Roraima, que tem por objetivo promover a recepção e o acolhimento de refugiados venezuelanos, que abandonam o país de origem e buscam melhores condições de vida em nossa Pátria. Nesse contexto, o 12º RC Mec enviou dois contingentes para atuarem nessa nobre e difícil tarefa de apoio humanitário.

   O “Doze de Jaguarão” está situado no extremo sul gaúcho, o que o torna a Unidade militar mais meridional do Brasil. Está organizado, equipado e instruído para cumprir as missões clássicas da Cavalaria Mecanizada – o reconhecimento e a segurança. Possui três Esquadrões de Cavalaria Mecanizados como peças de manobra, e o Esquadrão de Comando e Apoio, que tem a incumbência de prover à Unidade o apoio logístico, o apoio de fogo, além do comando e controle. É subordinado ao Comando da “6ª Divisão de Exército”, sediada na Guarnição de Porto Alegre/RS. Contudo, para fins de atividades operacionais e logísticas, a subordinação se dá à “3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada”, com sede na Guarnição de Bagé/RS.

   Além das atribuições constitucionais de Defesa da Pátria, de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e dos Poderes Constituídos, o Regimento participa de Operações de Paz e de Pacificação, além de cooperar com a Defesa Civil e com o desenvolvimento regional. Para tanto, anualmente, segue um bem elaborado cronograma de trabalho, que envolve diversas etapas de instrução, objetivando o adequado preparo e emprego da tropa. Dentre as ações e atividades desenvolvidas com a participação direta de nossa Organização Militar, destacam-se as Operações Ágata e Fronteira Sul, oportunidades em que trabalhamos em conjunto com as demais Forças Armadas, e os diversos Órgãos de Segurança Pública (OSP), em prol das comunidades que nos acolhem, numa área de responsabilidade que perfaz um total de 10.945 km², distribuídos nos municípios de Jaguarão/RS, Arroio Grande/RS, Herval/RS, Pedro Osório/RS, Cerrito/RS e Piratini/RS, além de uma extensa faixa de fronteira e das águas binacionais da Lagoa Mirim.

   Vale ressaltar que, a gênese de nossa Guarnição (Jaguarão/RS) ocorreu no idos de 1802, quando houve a instalação de um acampamento militar denominado “Guarda da Lagoa e do Serrito”, o qual foi implantado pelo Brigadeiro Manuel Marques de Souza I, a algumas centenas de metros do atual aquartelamento, nas imediações onde hoje situa-se a Igreja Matriz do Divino Espírito Santo.

   Além do próprio Brigadeiro Manuel Marques de Souza I, que foi o segundo Oficial General do Exército nascido no Rio Grande do Sul, Província que governou no ano de 1820, neste abençoado recanto do Brasil também serviram outros ilustres militares, os quais figuram na história nacional, dentre eles, o Brigadeiro Antônio de Sampaio, herói da Batalha de Tuiuti e Patrono da Arma de Infantaria, e o Marechal Manuel Luís Osório –“O Legendário”, herói da Guerra da Tríplice Aliança e Patrono da Arma de Cavalaria.

   As instalações que hoje abrigam o 12º RC Mec foram inauguradas no ano de 1923, e seguem o padrão conhecido como “Calógeras”, criado pelo então Ministro da Guerra, João Pandiá Calógeras, o primeiro civil a ocupar o referido cargo. Durante sua existência, as instalações serviram de sede, cronologicamente, ao “3º Regimento de Cavalaria Divisionária”, ao “13º Regimento de Cavalaria”, a um “Pelotão destacado do 9º Batalhão de Infantaria Motorizado”, ao “33º Batalhão de Infantaria Mecanizado” e ao “8º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado”.

   Por tudo o que aqui foi exposto, temos a honra de dizer que somos os herdeiros diretos das tradições legadas pelo ilustre Marechal José Pessoa, o que pode ser atestado no trecho de nossa canção, que diz: “...na Cavalaria deixou como legado a eficácia operacional do mecanizado...”. Nesse sentido, orgulhamo-nos de ser a mais antiga Unidade mecanizada do Exército Brasileiro, e de sermos parte representativa da tropa de onde originou-se o Esquadrão que integrou a FEB, e escreveu, com muita coragem e abnegação, gloriosas páginas na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial. Orgulhamo-nos, também, de servirmos na histórica “Cidade Heroica” de Jaguarão/RS, título honorífico outorgado por sua Alteza Imperial Dom Pedro II, após a consagradora vitória imposta pelas tropas comandadas pelo Coronel Manuel Pereira Vargas, durantes os históricos embates travados em 27 de janeiro de 1865, quando os invasores estrangeiros foram, definitivamente, repelidos do território brasileiro.

 

VAGNER PACHECO DOS SANTOS – 2º Ten QAO

Chefe de Comunicação Social/12º RC Mec

Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Jaguarão

 

 

 

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